Por: Gustavo Aguiar
“O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel” - Platão
Desde que o homem passou a se dedicar integralmente à
descoberta de novos avanços no campo das ciências profanas e a ideia de
progresso foi completamente absorvida pela velocidade com que se dá forma aos
aspectos de uma realidade cada vez mais saturada, a história parece transcorrer
em uma cronologia linear, retilínea ou unidirecional, como se ela tivesse
brotado magicamente de um ponto determinado do cosmos e estivesse caminhando em
direção a algo que ninguém sabe dizer bem o que é. A única certeza que podemos
extrair deste panorama tem a ver com a intensificação do grau de ansiedade, que
vem atingindo patamares nunca antes verificados. Tudo à nossa volta (do sistema
métrico à marcação das horas) parece tentar nos convencer de que somos mais
evoluídos do que os nossos antepassados, não por obra de feitos ou proezas
consideráveis, mas pelo simples fato de nos situarmos em uma escala cronológica
menos primitiva. Todavia, existem razões suficientes para acreditarmos que
estamos involuindo.
Um dos conceitos trabalhados pelo neoeurasianismo da Quarta
Teoria Política do professor Alexandr Dugin é o da ciclicidade do tempo
histórico, algo que já havia sido esboçado por vertentes esotéricas e
filosóficas (vide o perenialismo de René Guénon e a ontologia de Martin
Heidegger), mas não sob uma perspectiva metapolítica e geoestratégica. O mérito
de Dugin foi justamente o de ter reunido os fragmentos mais importantes das sobreditas
correntes em um sistema metodologicamente inovador, voltado para a
desmistificação do logos liberal (em seara ideológica) e do programa hegemônico
do globalismo unipolar (em âmbito geopolítico), ambos capitaneados pelos EUA.
Se, por um lado, Dugin procura conjurar os arquétipos
adormecidos da Santa Rússia visando restituir ao Império Euroasiático seu papel
na história das civilizações com lastro na geografia sagrada – o que se
patenteia por uma leitura de Rússia: o mistério da Eurásia - , por outro, essa tarefa
vem acompanhada de um certo esforço no sentido de alinhar tal concepção à instituição
de Grandes Espaços – Geopolítica do Mundo Multipolar -. Entretanto, é na sua
aclamada A Quarta Teoria Política que se encontram consignados estudos que versam
sobre a ciclicidade do tempo histórico, nos limites dos quais procuraremos nos
deter ao máximo, sem, contudo, olvidar lições valiosas de outras obras, que
muito nos auxiliarão no desvelamento de alguns conceitos-chave.
Para desconstruir a tese do desenvolvimento linear
propugnada pelo darwinismo social de Hebert Spencer, Alexandr Dugin se vale da
crítica acerca dos processos monotônicos, realizada pelo antropólogo
norte-americano Gregory Bateson. Nas palavras de Dugin, “o processo monotônico
é a ideia de crescimento constante, acumulação constante, desenvolvimento,
progresso estável e de elevação de um indicador particular.Na matemática, isso
é associado com a noção do valor monotônico, i.e., o valor que sempre aumenta,
daí as funções monotônicas (...) Estudando o processo monotônico em três níveis
– ao nível da biologia (vida), ao nível da mecânica (motores a vapor, motores
de combustão interna) e ao nível do fenômeno social, Bateson concluiu que
quando esse processo ocorre na natureza, ele imediatamente destrói a espécie;
se estivermos falando de um aparato artificial – ele quebra (explode, entra em
colapso); se falamos de uma sociedade – a sociedade deteriora, degenera e
desaparece. O processo monotônico (na biologia) é incompatível com a vida – é um
fenômeno antibiológico”. (DUGIN, Alexandr. A Quarta Teoria Política, p. 65)
Ao contrário do que apregoam os axiomas modernos de ordem
cientificista, a acumulação de crescimento linear, orientada pela lógica da
irreversibilidade do tempo histórico, parece nutrir aversão a tudo que não
carrega o selo da historiografia convencional, em prejuízo da comunicabilidade
entre progresso e tradição. As próprias premissas de que parte o raciocínio
historiográfico são portadoras do gérmen do reducionismo histórico, posto
condicionadas a enxergar na antiguidade clássica a origem da civilização
ocidental, o que, segundo Guénon, não constitui um erro propriamente dito, mas um
enquadramento da noção de progresso amplamente difundida nas sociedades de matriz
greco-latina, que não só tendem a ignorar a espiritualidade pré-histórica, como
também a extirpá-la do pensamento ocidental. Nos dizeres de René Guénon:“Essas
pesquisas de alcance exclusivamente prático, no sentido mais estreito da palavra,
deviam ser efetuadas, mas só o podiam ser no extremo oposto da espiritualidade
primordial, por homens mergulhados na matéria a ponto de nada mais poderem
conceber para além dela, tornando-se tanto mais escravos dessa matéria quanto
mais se servissem dela, o que os conduz a uma agitação sem regra e sem
objetivo, à dispersão na multiplicidade pura, até a dissolução final”. (GUÉNON,
René. Crise do Mundo Moderno, p. 20)
Logo, os estudos empreendidos por Bateson e Guénon, apesar
de essencialmente heterogêneos, convergem para a obtenção de um mesmo
resultado: o de que o colapso iminente das civilizações modernas será precedido
pelo acúmulo progressivo de complexidade dos sistemas sociais que formam sua
estrutura topográfica, e por “complexidade” não queremos designar um estágio de
superioridade sócio-cultural, mas, diversamente, a trilha que desemboca nos
vales da morte e da destruição. Portanto,
a ciclicidade do tempo histórico surge, no âmbito da Quarta Teoria Política,
como uma rota de fuga de uma realidade que fabrica os instrumentos da sua própria
aniquilação.
Para Alexandr Dugin, “o tempo é um fenômeno social; sua
estrutura não depende dos caracteres do objeto, mas da dominação de paradigmas
sociais, porque o objeto é designado pela própria sociedade. Na sociedade
moderna, o tempo é visto como irreversível, progressivo e unidirecional. Mas
isso não é necessariamente verdade dentro de sociedades que não aceitam a
Modernidade. Em algumas sociedades sem uma concepção estritamente moderna do
tempo, concepções cíclicas e até mesmo regressivas do tempo existem. Por isso,
a história política é considerada na topografia de várias concepções do tempo para
a Quarta Teoria Política. Há tantas concepções de tempo, quanto há de
sociedades”. (DUGIN, Alexandr. A Quarta Teoria Política, p. 74)
Tal mundividência se encaixa perfeitamente no posicionamento
sustentado por Dugin em Geopolítica do Mundo Multipolar sobre a urgência de
adotarmos a cosmovisão geopolítica do pluriversum
planetário como eixo de superação da epistemologia universalista, que, a seu
turno, vem servindo para justificar os mais variados tipos de neocolonialismo
perpetrados pelas talassocracias plutocráticas, encarnações redivivas das Forças
do Mar na pós-modernidade. O próprio conflito entre Mar e Terra, atlantocracias
e telurocracias, parece corroborar a perspectiva da ciclicidade do tempo
histórico, haja vista que o encerramento de todos os ciclos cósmicos se dá pelo
triunfo de um dos pólos sobre o outro. O triunfo do Mar na modernidade começa com
o iluminismo e se estende até os dias atuais, com o agigantamento do
imperialismo norte-americano e a intervenção da OTAN em questões locais (v.g.
questão ucraniana). Nesse diapasão, Dugin aduz que “a Teoria do Multipolarismo
é baseada na filosofia da pluralidade. Esta ideia foi magistralmente exposta
pelo filósofo e geopolítico francês, Alain de Benoist, no manifesto “2000” do
movimento GRECE, o qual ele lidera. Alain de Benoist solicita que o mundo seja
considerado como um “pluriversum”, distintamente
de “universum”. Em latim, “universum” significa “redução ao único”.
O neologismo “pluriversum” enfatiza que o objetivo não é a redução ao único,
não é simplificar o sistema, mas preservar a diversidade e a pluralidade”.
(DUGIN, Alexandr. Geopolítica do Mundo Multipolar, p. 42)
Destarte, a Weltanschauung neoeurasiana conjuga a proposta da história cíclica, reversível e não-linear com a tese
pluriversalista, sustentando que cada contexto etno-cultural encerra um
universo dentro de si mesmo, algo que se projeta ao infinito, sem interferir
nas demais estruturas sócio-políticas do pluriversum
planetário (uma plataforma inerentemente multipolar), desafiando os postulados
nucleares da teoria etnocêntrica, preconizadora de uma “unidade da existência
humana”. Podemos constatar, no tocante a esse ponto, que cada povo detém um
ritmo e uma concepção de desenvolvimento próprios, e que o tempo possui
conotações diferentes em diferentes esferas sócio-demográficas. Seria,
portanto, um impropério considerar sociedades primitivas – não-civilizadas de
acordo com o padrão euro-ocidental atlantista - como inferiores a hiperpotências
transnacionais. Daí a conclusão de que as potências da Terra devem permanecer
unidas para reivindicarem a soberania de seus respectivos espaços vitais no
tabuleiro de uma geopolítica ontologicamente ressemantizada (Geopolítica-2, em
terminologia duginiana).
Outro vetor axiológico sumamente importante para uma
compreensão adequada da dimensão semântica da multipolaridade como principal
diretiz operabilística do neoeurasianismo da Quarta Teoria Política é o
conceito de “instância contínua” proposto pela fenomenologia husserliana (que
incorpora a ideia de reverberação do passado no presente para a construção de
um futuro promissor). Nas palavras sempre reveladoras de Alexandr Dugin:
“Husserl propôs estudar o tempo com o exemplo da música. A
consciência de ouvir uma peça musical não é baseada na estrita identificação
das notas soando em um momento concreto e discreto. Ouvir música é algo
diferente de ouvir uma nota que soa agora, no presente. A consciência da música
é acessada relembrando as notas passadas também, que estão se dissolvendo pouco
a pouco no nada, mas sua ressonância, o eco, continua na consciência e dá à
fase musical o senso estético. Husserl chama isso de “a instância contínua”. O
passado está presente no presente. O presente assim torna-se contínuo e inclui
o passado como presença evanescente. Essa é a chave metodológica para o
entendimento da história. História é a consciência da presença do passado no
presente. O evento de esvaecimento continua a soar na lembrança deles (...) Por
isso, o futuro deveria ser colocado nesse contexto. Ele é o contínuo no presente.
Não o momento do “novum”, mas o
processo de esvaecimento do presente, que é agora. O futuro é a causa do
presente, sua ressonância. Nós vivemos o futuro agora, já agora, quando nós
tocamos as notas da melodia da vida”. (DUGIN, Alexandr. A Quarta Teoria
Política, pgs. 78 e 79)
Somente a partir do momento em que entendemos o tempo como
um continuum (termo que denota
ausência de segmentaridade, ininterrupção e um potencial latente de intercambialidade
entre sistemas cronologicamente determinados) é que poderemos captar a essência
do presente histórico como prolongamento ou desdobramento do passado, que, por
sua vez, nos fornece um leque de possibilidades criativas que se projetam
futuramente. A metáfora musical nos serve de bússola para a compreensão do
fenômeno histórico como produto do arranjo de notas e melodias em uma grande
orquestra sinfônica, de modo que a indeterminação do futuro é suprida pela ressonância
do passado no presente, mais ou menos nos termos em que Platão descreve sua anamnese no Mênon. O tempo torna-se,
então, reversível, porque transcende o objeto enquanto consciência pura ou
supra-fenomenológica. Conforme célebre escólio de Dugin:
“Husserl está cavando muito mais fundo na fenomenologia do
tempo. Ele descobre a nova instância da consciência subjacente quando a
história musical do tempo é percebida. De acordo com Husserl, debaixo desse
nível há outro, o último, que é responsável pela nossa percepção do que está
agora com a força da evidência e o gosto da realidade muito mais intenso do que
no caso da recordação do passado sempre agonizante. Essa instância é a própria
consciência, a consciência enquanto tal que precede a intencionalidade e o
tópico dualista de apreensão, sendo necessariamente dividido em duas partes – o
percebido e o percebedor. No presente, a consciência percebe a si mesma e nada
mais. Essa é a experiência máxima da última fonte da realidade. Segundo Husserl
a base de tudo é a subjetividade transcendental; donde concebe a si mesma, é um
tipo de “curto-circuito”. Essa é uma experiência autorreferencial. Nisso há a
percepção do puro Ser como a presença da subjetividade da consciência”. (DUGIN,
Alexandr. A Quarta Teoria Política, p. 79)
E conclui, mais adiante:
“O que é mais importante nessa interpretação da morfologia
do tempo? A ideia de que o tempo precede o objeto e ele enraíza o tempo, nós
devemos buscar profundamente no interior da consciência, não nas coisas
exteriores construídas por procedimentos subjetivos de autoexperiência
traumática. O mundo ao nosso redor se torna aquilo que é pela ação fundamental
do presenciamento realizado pela mente. Se uma mente adormece a realidade
carece do gosto da existência presente. Ela está completamente imersa no
contínuo e ininterrupto sonho. O mundo é criado pelo tempo, e o tempo por sua
vez é a manifestação da subjetividade auto-encontradora”. (DUGIN, Alexandr. A
Quarta Teoria Política, p. 80)
Este é precisamente o ponto em que todas essas elucubrações
filosóficas acerca do tempo se encontram com o projeto neueurasiano da Quarta
Teoria Política: se o tempo em instância extra-fenomenológica precede o objeto,
é imperativo reconhecer a existência de uma pluralidade de subjetividades
imanentes em cada tradição cultural. Portanto, toda e qualquer tentativa de
“absolutizar” ou universalibilizar o fenômeno temporal, de impô-lo como programa
único de uma única tradição cultural em detrimento das demais tradições sobeja
um tanto desarrazoado. Não obstante, é exatamente isso que as potências hegemônicas
representantes do leviatânico poder marítimo vêm fazendo: justapor sua
concepção linear, unidirecional e irreversível de tempo histórico à cosmovisão
de povos de acordo com os quais a temporalidade é completamente alheia à
percepção ocidental. A destruição da
hegemonia globalista das Forças do Mar pelas potências da Terra implicará a
abertura da mentalidade contemporânea relativamente ao caráter multifacetado do
tempo histórico.
Todo o aqui analisado também ecoa na pauta do debate encetado
por Alexandr Dugin e o pseudo-filósofo Olavo de Carvalho, onde o professor
Dugin, com sua habitual elegância e desenvoltura, teve a oportunidade de
explanar seu posicionamento concernente à influência global do imperialismo
norte-americano. Tal debate encontra-se registrado nas páginas da obra Os
Estados Unidos e a Nova Ordem Mundial: um debate entre Alexandre Dugin e Olavo
de Carvalho, de onde se extrai prodigioso excerto do mestre eurasiano: “[Atualmente]
considera-se a história como sendo um processo unívoco (monótono) de progresso
tecnológico e social e o caminho da crescente libertação dos indivíduos e de todas
as identidades coletivas. A tradição e o conservadorismo são considerados
obstáculos à liberdade e deveriam ser rejeitados, e os EUA estão na vanguarda
desse progresso histórico e têm o direito e a obrigação (missão!) de fazer a
história seguir adiante, pois a existência histórica dos EUA coincide com o
curso da história humana, de maneira que “americano” significa “universal”.
Portanto, as outras culturas terão um futuro americano ou nenhum futuro”. (DUGIN, Aleksandr; CARVALHO, Olavo de, Os Estados Unidos e a Nova Ordem Mundial: em debate entre Alexandre Dugin e Olavo de Carvalho, p. 27)
Ademais, podemos nos reportar à análise de Julius Evola
sobre os aspectos místicos da ciclicidade do tempo histórico nas sociedades
tradicionais, com o escopo de abstrair suas particularidades. Em ensaio
intitulado O Espaço-Tempo, Evola nega peremptoriamente a plausibilidade da
cronologia linear de índole quantitativa, contrapondo-a às experiências temporais
concretas das referidas sociedades, conforme fica evidente na seguinte
passagem:
“A experiência tradicional do tempo era completamente
diferente. Nela o tempo não é uma quantidade, mas sim uma qualidade; não é uma série, mas sim um ritmo. Não transcorre uniforme e indefinidamente, mas sim
fractura-se em ciclos, em períodos, dos quais cada um dos momentos tem um significado, e por isso um valor
específico em relação a todos os outros, uma individualidade bem viva e uma
funcionalidade. Estes ciclos ou períodos – o <<grande ano>> caldeu
e helénico, o saeculum
etrusco-latino, o éon irânico, os <<sóis>>
astecas, os kalpa hindus, e assim por
diante – representam cada um deles um desenvolvimento completo, formando
unidades fechadas e perfeitas, portanto idênticas umas às outras, e ao
repetirem-se não se alteram nem multiplicam, mas sim sucedem-se – conforme a
feliz expressão de alguém - <<como uma série de eternidade>>.
Tratando de um conjunto não quantitativo mas sim orgânico, a duração cronológica
do saeculum podia também ser
flexível. Durações quantitativamente desiguais podiam ser consideradas como
iguais, desde que cada uma delas contivesse e reproduzisse todos os momentos de
um ciclo. Por isso, assistimos à repetição tradicional de números fixos – por exemplo
o sete, o nove, o doze, o mil – que não exprimem quantidades, mas sim
estruturas típicas de ritmo, permitindo ordenar durações materialmente
diferentes, mas simbolicamente equivalentes” (EVOLA, Julius. Revolta Contra o
Mundo Moderno, p. 200)
Interessante observar como a percepção do fenômeno temporal
enquanto ritmo nos permite identificar o esoterismo de Evola com a
fenomenologia de Husserl. Não é à toa que Dugin utilizou como referenciais teoréticas
inúmeras premissas desenvolvidas pelos cognominados tradicionalistas stricto sensu (Julius Evola e René
Guénon) para a construção de sua Quarta Teoria Política. Na medida em que vamos
nos aprofundando nos estudos sobre o fenômeno temporal, percebemos que parece
haver qualquer coisa de substancialmente esotérica em sua constituição, um traço
divino do qual a forma externa (exotérica) se nos apresenta como fator
meramente contingente ou acidental. Com efeito, a partir de um certo ponto da
nossa investigação, a própria filosofia torna-se obsoleta. Esse é o momento em que
devemos abandonar o rigor epistemológico dos axiomas científicos e nos curvar
diante da sabedoria esotérica, o que implica aceitar certos mistérios como fonte de verdades necessárisa, não obstante insatisfatórias sob a ótica empírica.
De todo o acima exposto, conclui-se que a temporalidade, sob
o prisma do neueurasianismo da Quarta Teoria Política, dedica-se inteiramente à
superação dos prognósticos unidirecionais típicos de sociedades modernas, com
espeque na proposição de uma geopolítica pretensamente multipolar em que o fenômeno
cronológico possa ser fracionado em diferentes percepções da realidade e
percebido através de múltiplas subjetividades transcendentes. Como o tempo
assume roupagens heterogêneas em contextos sócio-políticos nem sempre coincidentes,
urge abandonarmos a vetusta e mofada ideologia do progresso em prol do
questionamento das estruturas de poder globalmente impostas. Não podemos nos
deixar seduzir pelos slogans universalizantes das Forças do Mar, sob pena de
colocarmos em risco nossa própria sobrevivência. A Quarta Teoria Política constitui
um verdadeiro grito de guerra nas trincheiras de uma pós-modernidade que nos conduz, a
passos largos, em direção ao colapso iminente, e é da matéria de seus
postulados que deve ser feito nosso arsenal.
REFERÊNCIAS:
DUGIN, Alexandr. A Quarta Teoria Política, Editora Austral:
Curitiba, 2012.
DUGIN, Alexandr. Geopolítica do Mundo Multipolar, Editora
Austral: Curitiba, 2012.
DUGIN, Alexandr; CARVALHO, Olavo de. Os Estados Unidos e a
Nova Ordem Mundial: um debate entre Alexandre Dugin e Olavo de Carvalho, Vide
Editorial: São Paulo, 2012.
GUÉNON, René. Crise do Mundo Moderno, Clube do Tarô: São
Paulo, 2007.
EVOLA, Julius. Revolta Contra o Mundo Moderno, Publicações Dom Quixote: Lisboa, 1989.
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